
Entendemos os fatos relatados e transmitidos pelos meios de comunicação como verdadeiros por pensar que retratam a realidade, mostram e revelam o que acontece todos os dias em nossa sociedade. No entanto, ao constatarmos que a notícia também foi corrompida pelo capitalismo tornamo-nos descrentes, sentindo-nos manipulados e com a sensação de ter roubado nosso direito à informação. Desde então, diante do noticiário, passamos a indagar e a perceber os interesses embutidos na notícia divulgada. Estamos desinformados daquilo que foi omitido por desinteressar ou não ser bom para o “cliente capital”.
É interessante observar a perda do caráter de constetação provocado pela forma como o produto notícia é apresentado. Tudo bem padronizado e moldado para não deixar dúvida e consolidar-se como verdade absoluta. A qualidade do produto é tamanha que vende muito bem. A notícia vende marcas, ideologias de consumo e valores sociais.
Vivemos a Idade Mídia que guarda potenciais relacionados ao desenvolvimento de nossas crianças e adolescentes. Contudo, estas possibilidades necessitam se desdobrar e florescer. Por isso, todos nós - empresários, artistas, produtores, publicitários, jornalistas, pesquisadores, professores, pais e cidadãos - estaremos sendo motivados a assumir, perante o presente e o futuro, novos desafios pela maior qualidade dos meios de comunicação.
Promover e garantir a qualidade da mídia devem ser os objetivos de todos – dos que produzem e utilizam, sem exceção. Mas é preciso, antes de tudo, definir o que é qualidade. Um desafio de ontem e de hoje. Definir não de uma forma autoritária, imposta ou unilateral. Mas de maneira participativa, onde todos estejam articulados na defesa de uma programação de qualidade inclusiva. Há que se respeitar a criatividade e a liberdade de expressão. Há que se respeitar a diversidade cultural, social, étnica, religiosa e econômica de cada região deste país. E há que se respeitar, principalmente, o direito das crianças e dos adolescentes. Encontrar as respostas para todos estes e outros desafios que surgem cabe a cada um de nós.
Um uso democrático da mídia pressupõe que ela não se limite apenas a atingir muitos ouvidos e muitos olhos, mas também que ela possa ser a ampliação de muitas vozes. Que não seja apenas uma mensagem para muita gente, mas possa ser a porta-voz de muita gente. O mundo é feito de variedade e diferença, isso é que faz sua riqueza. A imposição de um modelo único, uma versão única ou uma linguagem única é profundamente autoritária e ditatorial. Nada pode legitimar que um grupo de seres humanos cale os demais forçando-os a receber apenas sua produção cultural.
É necessário repensar o papel da mídia em nossa sociedade. Por ser detentora de um poder irresistível e desempenhar uma função relevante na construção da sociedade, as instituições jornalísticas devem estar em constante vigilância pela sociedade. Logo, contribuir para o aperfeiçoamento democrático dessa sociedade atuando e participando criticamente no consumo e na produção da mídia - um direito inquestionável.